quinta-feira, novembro 01, 2012

O Gordo

O Gordo é aquela pessoa que em muitos casos não tem culpa de o ser (questões genéticas).
Por ser Gordo e ocupar mais espaço que os demais é vítima das atenções dos colegas que o enxovalham, gozam e em certos casos, agridem (algo a que hoje se dá o nome de bullying). Felizmente nunca participei em acções públicas desse género, mas quer-me parecer que o Gordo era mais feliz, ou pelo menos não tão infeliz, naquela altura.

O Gordo assimilava as agressões e rebatia-as com 2 bollycaos e um saco cheio de gomas a caminho de casa. Não gostava de ser alvo de chacota, mas vivia feliz à sua maneira.

O Gordo de hoje em dia é bastante diferente. Este Gordo procura incessantemente ser o alvo da chacota.
Goza-se com o Gordo, com a complacência do Gordo.

O Gordo rebola, faz flexões até quase regurgitar o cozido do almoço, salta, corre até à exaustão, dança até, num espectáculo apoteótico de chicha a abanar! Tudo o que lhe pedirem o Gordo faz, sob a ressalva de estar a ser filmado por uma qualquer câmara de televisão.

O Mundo evoluiu, o Gordo retrocedeu no tempo.

Talvez um dia, volte a passar por mim o Gordo dos meus tempos de infância, inocente e feliz no seu anonimato, devorando energicamente os dois bollycaos, ao mesmo tempo que deita um olhar lânguido ao saco de gomas. 

2 comentários:

Unknown disse...

Eu não abordaria o Gordo numa perspectiva regressiva.

Sim, talvez o Gordo careça da atenção que não teve em outros tempos e a tente obter através de acções comuns aos seus pares mais ligeiros, mas penso que a responsabilidade é da sociedade.

Numa tentativa de integração, vá, normalização do paradigma gordura/formosura, há um claro apelo a que o Gordo tente fazer o que os outros fazem, com aquele tónico extra de que se for feito pelo Gordo terá naturalmente mais piada, até porque há uma probabilidade enorme do Gordo não o conseguir executar.

No fundo, é um espectáculo circense mas em vez de girafas, elefantes ou palhaços, temos tudo condensado na forma de um Gordo que pode ser mais ou menos fofo.

Dirão uns que é uma abertura de mentalidades, outros dirão que se andam a esgotar as fontes humorísticas, a verdade é que devemos abraçar a causa do Gordo se for sua intenção entreter e diga-se que argumentos não faltam (medidos em Kg) para o fazer.

Um bem-haja ao Gordo e a este vosso blog que seguramente já fazia uma data de tempo desde a última vez que cá passei.

Diana Filipa Fonseca disse...

Não sei o que aconteceu mas o meu comentário a solicitar gomas deu o piro. Não faz mal, as gomas vieram tão depressa como foram. Supostamente eram para mim mas quem as comeu... Guloso... Mas não é gordo!